1.ª etapa (Chaves-Viseu): o que não correu tão bem

Antes de iniciarmos esta aventura e como já referimos, planeámos, o melhor que conseguimos, o percurso que pretendíamos fazer, sempre do ponto de vista fotográfico, naturalmente. Não temos pretensão de fazer um guia – este já existe e é excelente – nem indicar todas as referências gastronómicas ou culturais. Também já há quem o faça (ou tenha feito) esse trabalho muito bem feito.

Fizemos o trabalho de casa, mas no terreno tivemos de ir improvisando, quer por causa do tempo, quer das horas. O Guia da Foge Comigo é o melhor auxiliar que podemos ter ao lado.

O nosso principal objetivo, se bem que possamos abordar algumas das questões que referimos atrás, é tentar (sim, tentar) documentar visualmente a EN2 o melhor que nos for possível. Mas, finda a primeira etapa, que nos levou de Chaves a Viseu, concluímos que a tarefa não vai ser fácil. Mas já todos sabem o que se costuma dizer: “se fosse fácil…”.

E por que razão não vai ser uma tarefa fácil? Pois bem, há várias razões e não apenas uma. Se gostar de fotografia, revelamos já que a Estrada Nacional 2, pelo que até agora nos foi possível vislumbrar, é muito mais bonita, fotogénica até, do que tínhamos idealizado. E isto, à partida, não parece propriamente um problema, mas…

Qualquer que seja o ponto de vista, a EN2 aconchega-se perfeitamente na paisagem.

Quem gosta de fotografar paisagem, vais querer parar o carro de 50 em 50 metros. Primeiro, em muitas das zonas isso vai ser extremamente difícil porque não há qualquer espaço para o fazer, o que causa algum stress porque perdemos, quem sabe, aquela fotografia, aquele momento. Ver o sol a pôr-se, magnífico, laranja, grande, com uma paisagem arrebatadora e não conseguir parar o carro – como nos aconteceu ali entre Calde e Bigas – é quase desesperante. E isto aconteceu-nos noutras ocasiões e sabemos que até Faro muitas outras vão pôr-nos à prova. Segundo, se pararmos em tudo o que é “estação e apeadeiro”, garantimos que um dia iremos chegar ao destino. Um dia…

Obras em Chaves. Não fazíamos ideia de que a cidade quase parece um estaleiro. É bonita, provavelmente vai ficar ainda mais bonita, mas está terrível para quem a quer fotografar.

Por mais bonita que seja a cidade, é impossível fazer melhor quando se tem obras e taipais à frente da objetiva.
Obras em Chaves
Mais obras…

Pessoas. Ao contrário do que desejávamos, quase não fotografámos pessoas no decorrer desta primeira etapa. E a EN2, para além de carros, bicicletas, casas e paisagem também se faz e é de e das pessoas. Neste pedaço de Norte, conversámos com pouco menos de uma mão de pessoas e, no final, com o entusiasmo das palavras e da pressa de não querer perder caminho, escapou-se-nos o retrato.

A meteorologia. Felizmente que não é o Homem a mandar nela, ou o mundo ia ser um lugar ainda mais egoísta. Até poucos dias antes do início desta etapa, fomos verificando o estado do tempo para os dias em que íamos andar pela EN2. Primeiro chuva, depois melhorou, depois outra vez nuvens com probabilidade de chuva, depois sol com algumas nuvens. Nuvens e sol vinham mesmo a calhar para a primeira viagem. Já imaginávamos as pontes coloridas e iluminadas pela cor do fim de dia; as vinhas já com os tons outonais a serem tocadas pelo laranja do pôr do sol; e por… já perceberam… Quase nada disto aconteceu. Até Chaves e em Chaves fomos perseguidos pela chuva às vezes e chuvinha outras tantas. Apenas tivemos sorte no amanhecer do dia 24/10, já a caminho da Régua. Aí sim, depois de passarmos Vila Real e já perto da Cumieira, o amanhecer foi espetacular. A luz, a cor, a neblina, o fumo das chaminés. Tudo reunido para nos fazer lembrar que o outono chegou.

A chuva a fazer companhia em grande parte do primeiro dia.
Mesmo o segundo dia, embora com mais abertas, teve o cinzento como cor predominante, principalmente a partir do meio da tarde.

Principais cidades e vilas. Pois é, se vos quiséssemos mostrar um pouco mais sobre as cidades, vilas e até aldeias, ia ser algo difícil, pois quase não fotografámos nada. Ao mesmo tempo sentimo-nos de certa forma “envergonhados”, mas a verdade é que temos de melhorar neste capítulo. Porque queremos um registo mais cuidado dos locais, as horas do dia em que os visitámos não nos pareceram as ideais para o efeito. Mas prometemos que vamos tentar fotografar, quanto mais não seja, para depois mostrar aqui, para verem como é bonito o nosso país. Vamos ver se conseguimos ultrapassar isto nas próximas etapas.

Fotografias como esta, com pouca pretensão artística ou mesmo documental, foram raras. É algo que vamos tentar melhorar nas próximas etapas. – Lamego
Ainda assim, Peso da Régua foi a exceção à regra e conseguimos uma ou outra imagem interessante que partilharemos nos próximos tempos
São locais como este, em Peso da Régua, que também queremos dar a conhecer. Aqui, parte do antigo e emblemático cais coberto de mercadorias foi ocupado por um restaurante e outras lojas.

Doces e outros pratos típicos. Não passámos fome, isso garantimos. Comemos boa carne – excelente, diga-se – tanto em Lamego como à noite em Chaves. Mas porque as horas se entrelaçaram entre fotografia, conversa e hora de deitar, não provámos os pastéis de Chaves. E, na manhã seguinte, porque passámos quase de raspão em Vila Real, voaram as Cristas de Galo, um dos doces vencedores das 7 Maravilhas Doces de Portugal. Imperdoável!!! Em Viseu não quisemos correr o mesmo risco e, mesmo antes do jantar, procurámos uma pastelaria onde comprámos duas caixas para levarmos para a família com os famosos Viriatos (bolo que existe em vários tamanhos, em forma de V, com ou sem canela). Esquecemo-nos, entretanto, do pastel Rotundinhas de Viseu. Fica para quando iniciarmos a segunda etapa… Já agora, destacamos a excelente pastelaria Capuchinha do Rossio, único local onde ainda haviam Viriatos às quase 8 da noite.

Outra falha nesta primeira etapa: não provámos nem os pasteis de Chaves, nem as Cristas de Galo em Vila Real. Mas em Viseu já não deixámos que o Viriato nos escapasse. O Rotundinhas de Viseu fica para quando iniciarmos a segunda etapa.

Poucos desvios. No nosso plano deveríamos ter terminado a etapa em Peso da Régua. Mas com receio de não conseguirmos chegar a tempo do pôr do sol, fomos andando, andando, tanto que chegámos à hora de… almoço. E isto mesmo parando em muitos locais para fotografar a EN2. De facto, estar no computador, tablet, ou telemóvel, não é, definitivamente, o mesmo que andar na estrada real. No ecrã tudo parece mais longe e depois tudo afinal é um pouco mais perto. Com isto, quase não saímos da estrada. Sabemos que é por e para ela que estamos lá, mas não invalida que aqui e ali a troquemos por outras curvas – o que fizemos em Ponte Pedrinha, Castro Daire, “saímos” em direção à N228 para, poucos metros mais à frente, filmarmos um cenário quase cinematográfico com o drone.

Nesta primeira etapa não “arriscámos” fazer desvios – erro que vamos tentar não cometer nas próximas. Esta imagem em Ponte Pedrinha (bem como um curto vídeo que fizemos deste local) só foi conseguida porque nos desviámos algumas centenas de metros para a N228.

Fazer a EN2 é também isto. Errar e não apenas contar que tudo corra bem. É percorrê-la e também aprender. Fazê-la é como evoluir. Quando chegarmos ao fim é quando a devíamos estar a começar. Como a vida. Da nossa parte, vamos tentar melhorar algumas das nossas falhas, aprender com tantas outras. Mas nunca nos podemos esquecer que a estrada é muito maior do que nós, que vai ser impossível ver, sentir e fotografar tudo. Feita de uma só vez, ou por etapas como a vamos percorrer, esta é uma viagem que devia ser reservada para várias vezes na nossa vida.

Mesmo com muitos erros de cálculo, com falhas aqui e ali, estamos naturalmente satisfeitos com os quilómetros percorridos, pelas imagens que conseguimos. Foram muitas, umas melhores do que outras, mas todas elas mostram, ou pelo menos tentam mostrar, o que é a EN2 e também o que dela podemos alcançar. 

Quanto a planos, bem… há uma frase que os resume muito bem. É antiga e não sabemos a quem atribuir a sua autoria.

“Os planos do Homem são gargalhadas para Deus” ou, como a reescreveu Woody Allen, “Se quer fazer rir Deus, conte-lhe os seus planos”.


Sugestões da 1.ª etapa: Chaves – Viseu (23 e 24 Outubro 2019)

Comer
Almoço dia 23 – Casa Filipe, Lamego
Jantar dia 23 – Quinta da Cera, Chaves
Almoço dia 24 – A Velha Tendinha, Peso da Régua
Jantar dia 24 – Colmeia, Viseu

Dormir
Alojamento Central, Chaves

2 Replies to “1.ª etapa (Chaves-Viseu): o que não correu tão bem”

  1. […] bons iniciantes, cometemos vários erros na etapa 1. Mas os erros servem para nos ensinar, mesmo que no caminho se erre outra vez. O carrossel da vida, […]

  2. […] primeira etapa, que nos fez ligar Chaves a Viseu, falhámos em algumas coisas – afinal, somos marinheiros de primeira água no que respeita a viajar por esta estrada tão […]

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